Sexta-feira, 22 de Maio de 2009
ÉGUAS PASSADAS NÃO MOVEM MOINHO
http://grafite-stencil.marcocarvalho.com/wp-content/uploads/2008/11/pistoleira-arte-urbana-grafite.jpg# águas passadas #
A vida como ela Noé
txt: Arlei "Xuxu Beleza" Arnt
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Arlete era do tipo pistoleira. Bem munida de bundas e tetas, todo fim-de-semana lá ia a bichinha para o guerrear dos campos de batalha. No escurecer das horas, entón, Arlete parecia fêmea no cio. Dois dedos de prosa eram suficientes para deixar a sem-vergonhice da égua toda molhadinha. E foi numa noite de cantar sapos e cigarras que o Abelha veio a montar na potranca.
Abelha vivia no de picar gatinhas e galinhas, mas o cavalgar de égua ninguém desconfiava lá pelas cercanias do São José do Tibicuari. É verdade, e sejamos justos, não foi a língua da bocuda que deitou entre os dentes. A ferroada do Abelha fora visto por dois pares de olhos no esconder das moitas, a um peido de distância. De acordo com o cochichar da urubuzada bebe-fuma-joga-sinuca-fim-de-tarde do bar do Keko, Abelha tentou o melar de rabo de Arlete sem o conhecimento dela. A desgraçada, no coiçar pra trás, deu com as ferraduras nas pernas do infeliz. E no mancar da semana é que o mel azedou a reputação do Abelha. Diabo é isso, picar a égua no matagal nos costados do Pereira Coruja.
Dois dias depois do combate entre ferrão e ferradura, no cochilar da tarde, Arlete seguia rumo ao Tingueté a procura do único veterinário do lugarejo. Guariba guardava os comentários alheios na memória, ainda no frescor dos acontecimentos, porém nunca havia botado olhos nas farturas da égua guerreira. No baixar das vistas, examinou o rebolar dela e notou o sobe-e-desce suingado daquele traseiro bondoso. Mas no bem educar de berço, disfarçou a consulta com a receita dos remédios:
- Tome cá este chá e o relincho da senhorita volta ao compasso do troteado.
Foi no agasalhar da noite que Abelha foi tomar um tiquinho de confissão com o pároco. Dois terços depois do perdão, o abelhudo ficou zangado com o cantar das andorinhas ao seu respeito. Só uma cousa havia a fazer: o lavar de louça suja. Sem o colher de louros após os fatos, Abelha saiu no catar de pistas sobre os atentos olhos daquela maldita noite aluada. Somente a desfeita do boato poderia adocicar seu favo de mel.
Invernos se passaram, e no chorar recém nascido de uma tal éguinha Pocotó, Abelha teve o mais terrível pesadelo. A bichana dava coice que nem a mãe, e ainda parecia ter um ferrão na bunda tal qual o pai:
- No enrabichar das cachorras eu não cairia em tamanha cilada. Filha de uma égua!
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